Fúria Lupina - América Central: Ilustração e Apreciação

Era para serem dois “posts”, e não este apenas. Mas não há modo de separar, honestamente falando, os dois elementos que desejo escrever: a produção da ilustração de capa e interna deste livro, e também as impressões durante a leitura.

E, para ficar menos cartesiano, vou começar pela “Apreciação”. Não posso fazer resenha, por ter interesse na difusão do livro, então vou chamar de apreciação e ninguém irá ligar hehe. 

A leitura


Autor: Alfer Medeiros
Design de Capa: Silvio Medeiros
Projeto Gráfico: Alfer Medeiros, Silvio Medeiros, Rochett Tavares
Revisão: Adriana Cabral
Ilustrações: Carolina Mancini (eu ^^)
Impressão: Edirora Literata



O livro “Fúria Lupina – América Central”, do escritor e amigo Alfer Medeiros (dono de uma livraria bem bacana que você confere aqui: Livraria Limítrofe ) vem dar sequência ao universo e alguns personagens criados no seu romance de estreia “Fúria Lupina – Brasil”, porém não é uma continuação. Cada livro encerra sua trama em si, então, por mais que seja cronológico, você pode ler em qualquer ordem, não tem problema. Vai entender tudinho, e se arrepiar da cabeça aos pés.

Diferente do livro 1 (porque não vou ficar escrevendo o nome dos dois livros toda hora), onde, junto a violência, sangue e aventura, havia a descoberta de incríveis criaturas míticas e muito espaço para apresentar as diferentes espécies de homens-lobo, provindas de lendas de todo o mundo, no livro 2, o drama passa a ser desenvolvida no submundo do crime, com espaço (e muito espaço) para drogas, prostituição, corrupção e etc, e ainda enfrentar “... lobisomens arredios e violentos, que renegam o nobre comportamento dos lobos e deixam vir à tona o pior da natureza dos homens” (nota retirada da quarta capa).

A história, um tanto entrecortada, é fascinante, ela te envolve primeiro, e te explica depois, bem depois mesmo! Dando apenas, hora ou outra, algumas dicas ao leitor mais atento. Também vale ressaltar uma grande sacada, pois, por mais que existam trajetórias individuais, aqui isto não é o foco, você deixa de ver “o” personagem, para entender e torcer “pelo grupo”, onde tudo se amarra e cada atitude, mesmo encabeçada por líderes, é uma ação de um só corpo, a verdadeira alcateia e seu sentido de unidade. Fabuloso. 

A leitura é rápida e dinâmica, é como se existisse um campo gravitacional sugando inúmeros elementos, amarrando-os, concentrando-os no que importa de fato. E sempre mais, e mais surpresas. 

Para encerrar está pequena, mas cheia de satisfação, apreciação de leitura, quero registrar que os novos personagens, aqueles que não estavam no livro 1, ganharam-me desde o início.
Ah! Dr. Glendon – o caçador de El Lobo – se passar por este blog em algum momento, saiba que sou sua fã! 

(e vou parando por aqui, pois logo virá resenha crítica mesmo!)


O trabalho

Ilustração interna.
Como ilustradora, eu fiquei muito contente de fato. Já havia me deslumbrado com a diagramação por conta do Silvio Medeiros e do Rochett Tavares, que deram um toque extraordinário ao livro, fazendo-me sentir parte de uma equipe muito séria e apaixonada por esse universo, do Fúria Lupina.

E então, depois de passear pelo trabalho já pronto, foi difícil não ficar emocionada – Ainda por cima, com uma surpresa do autor, bem espertinho ele, mas você tem que ler para saber. 

Quanto ao processo, foi uma experiência difícil inicialmente, mas que hoje, posso até dar risada. Quando o Alfer me chamou para a ilustração – que eu topei depois de dar vários pulinhos de alegria que, graças a deus, ele não viu, já que conversávamos pela internet – tinha algumas ideias, mas, cá entre nós, no fundo, quanto mais testávamos as possibilidades vislumbradas até então, mais frustrada eu ficada. Até que chegamos ao que imaginávamos ser, o correto, mas que não passava do óbvio. Era um mapa, roto e repleto de sangue, porém, por mais que eu mudasse, alterasse, refizesse, nada dava certo e eu não me convencia do trabalho. Foi quando um amigo design e professor - e muito genial - me de uns puxões de orelha. Amigo bom é assim, ele te faz pensar, pensar, pensar, até que você veja que está tudo errado, e nesse caso, o “tudo” tinha muito mais haver com a proposta do que com a execução. Assim, conversei com o Alfer sobre muitos conceitos que eu, preguiçosamente, havia esquecido, e que esse meu amigo fez com que retornassem à minha mente. Então, concordando que tudo precisava ser revisto, tiramos uma folguinha – eu tirei – da ilustração, e voltei com outra ideia.


Dante e Nazaré - Esboço dos personagens

Depois desse tempo, apresentei a nova proposta rascunhada ao Alfer. Ele sugeriu algumas alterações, e aí sim, o trabalho efetivo começou. E com a nova forma, mais limpa, mais subjetiva, menos explicativa, acredito que conseguimos passar algo além do título, um outro “que” que chame o leitor, além do que já é explicitamente dito como "fúria", "lobisomem", "América Central". (Eu espero, do fundo do coração, ter conseguido fazer isso), e que os fãs de lupinos me perdoem por ter escondido a brutalidade, as garras e as presas, tão características dos homens-lobo. 

O resultado é o que vocês já viram. Espero que tenham gostado – do post e da ilustração – e que apreciem muito mais o texto.

O livro “Fúria Lupina – América Central” foi lançado na Bienal do Livro de SP, deste ano. 
E para mais informações sobre ambos os livros deste universo, e outras cousas “licantrópicas” visite o site furialupina.blogspot.com.br


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